20.10.2021 - “Cheguei aos 103 anos sem me estressar”
Com um semblante tranquilo e sossegado, a agricultora Bertolina Naher, de Baixo Canudos, interior de Canudos do Vale, prova que a longevidade tem a ver com o humor. Aos 103 anos completados no último dia 31 de agosto, ela se considera uma mulher feliz e realizada ao lado da filha, netos e bisnetos.

Evitar o estresse, dançar, escutar uma boa música, o chimarrão e consumir alimentos produzidos de forma natural são elencados como segredo para passar de um século de vida com uma saúde invejável.

Entrevista

Como foi a sua infância?
Bertolina – Eu nasci e me criei aqui em Baixo Canudos. Meus pais tiveram 12 filhos e éramos muito pobres. Praticamente todo alimento consumido era produzido na lavoura. A gente ajudou desde cedo, bem pequeno, a plantar arroz, abóbora, feijão, batata, milho e tudo era para subsistência. Foram tempos difíceis, mas alegres, de muita união, fé e superação. O trabalho nunca matou ninguém, para mim só fez bem e através dele conquistei tudo o que tenho hoje. Sou muito grata à Deus pela saúde e disposição me dados ao longo da vida.

Após o casamento, as dificuldades persistiram?
Bertolina – Sim. Mas nada me abalou. Ao lado do meu marido Artur fui muito feliz. Tivemos dois filhos e fizemos da lavoura nossa principal fonte de renda. A gente sempre foi muito unido e cada conquista era comemorada. Nunca deixei a tristeza ou os conflitos do dia a dia interferirem na nossa relação. Superamos tudo com muito amor e diálogo. Imagina, na época não era comum ir ao médico. Por isso, sempre tomei muito chá. O primeiro remédio, uma alecura, eu tomei quando já tinha mais de 40 anos. Não tenho nenhum problema, minha saúde continua de ferro. Há dois anos tive uma desidratação e fui para o hospital, somente isso.

Qual foi a sua maior decepção?

Bertolina – Sem dúvida a perda do meu filho por um acidente com rede elétrica. A dor da perda não tem remédio que cure. Mas, para quem tem fé e acredita na força de Deus, supera tudo. Foi um momento de muita tristeza. Uma mãe nunca quer perder um filho, seu maior tesouro. A perda do meu esposo também me deixou triste e depois disso minha filha Regina veio morar comigo. Uma faz companhia para outra.

E o seu passatempo preferido?
Bertolina – Na infância gostava de andar a cavalo. Ahhhh, eu adoro pescar. Passava horas e horas na beira do arroio. Pensa numa paixão que cultivei desde pequena. Além de ser fonte de alimento para toda família, era um hobby divertido. Hoje não consigo mais e por isso substituí pelo chimarrão, pela dança e música. Adoro ir aos cultos, bailes de terceira idade e os encontros anuais, onde sempre ganhava o prêmio por ser a mais idosa. Com a pandemia tive que me recolher em casa, mas logo, logo tudo volta ao normal.

A receita da longevidade?
Bertolina – Eu nunca me estressei. Sempre fui muito calma. Com um sorriso no rosto, muita boa vontade e dedicação todos os problemas foram e são superados a cada dia. Eu vivo cada minuto, aproveito bem cada segundo. Esse é o segredo, saber viver e aproveitar os pequenos detalhes da vida, um chimarrão, um abraço, uma boa conversa, o canto de um pássaro, uma boa dança e olho eu danço bem hein. E não pode faltar música, ela acalma e nos dá paz. E sem falar da comida. Consumo quase nada de industrializados, só alimentos produzidos de forma natural. Ah, eu aprecio uma boa cerveja, bem gelada (risos).

Foto e Texto Giovane Weber/ FW Comunicação
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